Como cuidar de um adolescente com autismo
- Osvaldo Melo
- 7 de dez. de 2017
- 5 min de leitura

O autismo em adolescentes e adultos ainda é pouco pesquisado e divulgado.
Um filho adolescente representa sempre um desafio, e esse desafio aumenta se o seu filho tiver autismo. Se deseja ajudar o seu filho com autismo a atingir o seu potencial e a conquistar a autonomia possível na vida adulta, deve estar preparado para lhe dar suporte, afeto e limites, evitando substituir-se a ele(a) nas tarefas que pode realizar e fornecendo apenas o suporte essencial e necessário naquelas em que mais precisar. Deve estar preparado para abdicar do perfeccionismo e da rapidez em muitas tarefas do dia-a-dia, ao mesmo tempo que com certeza se surpreenderá ao descobrir que muitas vezes a perseverança possibilita conquistas e muitas vezes leva à perfeição, sobretudo no caso do autismo.
Conhecendo mais sobre autismo
O Transtornos do Espectro Autista – TEA é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos. Embora todas as pessoas com TEA partilhem essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes. Assim, essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem óbvias para todos; ou podem ser mais sutis e tornarem-se mais visíveis ao longo do desenvolvimento.
O TEA pode ser associado com deficiência intelectual, dificuldades de coordenação motora e de atenção e, às vezes, as pessoas com autismo têm problemas de saúde física, tais como sono e distúrbios gastrointestinais e podem apresentar outras condições como síndrome de deficit de atenção e hiperatividade, dislexia ou dispraxia. Na adolescência podem desenvolver ansiedade e depressão.
Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldades de aprendizagem em diversos estágios da vida, desde estudar na escola, até aprender atividades da vida diária, como, por exemplo, tomar banho ou preparar a própria refeição. Algumas poderão levar uma vida relativamente “normal”, enquanto outras poderão precisar de apoio especializado ao longo de toda a vida.
Autismo na adolescência
As pesquisas sobre o autismo na adolescência ainda são insuficientes, mas como qualquer outro adolescente é uma fase complicada, com mudança no corpo, questões biológicas, alguns se tornam mais agressivos, com dificuldade de se encaixar no grupo, de manter contato e fazer amizades. Como vimos, os sinais e sintomas que caracterizam as Perturbações do Espetro do Autismo determinam isolamento social e atividades ocupacionais geralmente sedentárias e solitárias que não promovem a saúde, o bem-estar ou a inclusão social. Quando avaliamos jovens com Autismo, sistematicamente verificamos o seguinte:
Estes jovens não possuem frequentemente uma rede social de suporte fora da família nuclear. Habitualmente têm poucos ou nenhuns amigos e, mesmo aqueles que os têm, não mantêm um contato regular e presencial. As suas relações sociais restringem-se aos contatos com a família, os colegas exclusivamente na escola ou no trabalho e relações virtuais online.
Habitualmente não praticam atividade física.
Com frequência apresentam sintomas depressão e ansiedade, secundárias às dificuldades académicas e sociais e têm muita dificuldade em implementar estratégias para lidar com a ansiedade, em particular o relaxamento.
São pouco autónomos nas atividades de vida diária importantes na vida adulta, como a confeção de refeições e a utilização de recursos comunitários (transportes, serviços públicos, etc.).
Praticamente não se dedicam a atividades de lazer fora de casa. Ocupam os seus tempos livres em casa, em atividades sedentárias e solidárias que não promovem a saúde, o bem-estar ou a inclusão social.
Muitos nunca tiveram qualquer experiência profissional.
É importante que desde a adolescência, os pais comecem a incentivar a autonomia nas atividades da vida diária (pessoais, domésticas e comunitárias) e na socialização de seu filho autista.

Dicas de como cuidar e promover autonomia
– Estabeleça um roteiro
O desenvolvimento de seu filho autista depende muito dos estímulos para a relação interpessoal e outras atividades que envolvem o ambiente ao que ele está inserido. O autismo infantil estabelece situações em que são necessárias esse tipo de desenvolvimento. Na adolescência não é diferente
Quando chega essa fase é preciso continuar atento aos comportamentos e elaborar uma comunicação efetiva, assim como na infância, com o jovem. É importante lembrar que a essa altura, o adolescente também deve estar sob os acompanhamentos de profissionais que o ajudarão a ter uma vida muito mais proveitosa; tanto em casa quanto na escola.
– Adolescente autista na escola
O adolescente com autismo é tão singular quanto a criança. Isso significa que não dá para falarmos por todos eles, pois cada um apresenta um comportamento (embora haja alguns pontos de semelhança entre os autistas).
Na escola, quando o adolescente autista apresenta sinais da Síndrome de Asperger e, além disso, tem bom rendimento, ele pode abstrair determinados conteúdos através do próprio intelecto. É notável salientar que um autista pode desenvolver habilidades verbais, por exemplo, que sejam superiores aos demais colegas de turma.
Porém, essa capacidade excessiva de desenvolvimento não é parte da maioria deles. O mais recomendável é que na escola seja disponibilizado algum programa que acompanhe o jovem na sala de aula. Um dos mais comuns é o Plano de Educação Individualizado (IEP), responsável pela adaptação da criança ou adolescente no ambiente acadêmico.
Ajude seu filho ou aluno na interação com o ambiente.
Nada mais importante que continuar com aqueles mesmos estímulos de relação interpessoal aprendidos na infância. Lembre-se que esses incentivos devem prosseguir para uma vida muito mais proveitosa, sobretudo no quesito da relação do autista adolescente com os ‘desafios’ que surgem com a experiência adquirida.
– Adolescente autista e a puberdade
A puberdade é um importante período de transição da fase infantil para a adolescência. No entanto, no autismo ou em qualquer outro transtorno ela deve ser acompanhada de perto por especialistas que ficarão responsáveis pelo direcionamento do jovem nessa ‘nova’ vida. É preciso que vocês, pais e professores tenham muita paciência, visto que essa fase é de transformação. Pode ser que seu filho/aluno manifeste o lado mais retraído ou consiga desenvolver melhor seu comportamento no ambiente ao qual ele está inserido. Tudo depende dos estímulos, lembra-se?
– E se o comportamento do meu filho não se desenvolver muito?
É preciso que, independentemente do grau do autismo de seu filho, o acompanhamento feito por profissionais multidisciplinares deve ser frequente. Somente assim, as intervenções podem ser eficazes.
No entanto, é sempre bom frisar a importância do tratamento quando este é feito desde a mais tenra infância.
Orientação importante
Frequentemente pais de autistas necessitam também de aconselhamento psicológico, não porque sejam causadores do problema, mas porque precisam aprender como lidar melhor com o filho, e a escola também deve ser instruída sobre o modo de proceder com esses alunos. É importante saber que, na adolescência, as manifestações do autismo dependem muito de como o indivíduo consegue aprender as regras sociais, família e escola quando bem orientados, podem realizar papel fundamental nesse processo de desenvolvimento.
Referências eletrônicas
http://www.agenciajovem.org/wp/jovens-autistas-dependem-preparo-especial-escolar-para-promover-sua-integracao-social/
http://autismo.institutopensi.org.br/informe-se/sobre-o-autismo/o-que-e-autismo/
http://www.cadin.net/saber-mais-perturbacao-do-espetro-do-autismo/185-pea-na-adolescencia-e-idade-adulta-dicas-para-pais
Adaptado por
Psicoadolescer.com
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